Para assinalar o dia internacional para a consciencialização da Gaguez fomos até ao Jardim Escola João de Deus falar para uma turma do 1º ano sobre o que é a gaguez! Para isso apresentamos a história do livro "Ernesto - o menino com gaguez em família" de Mónica Gaiolas. Após a leitura do livro os meninos e meninas do 1º ano já souberam dizer de um modo geral o que era ter gaguez.
Foi muito boa esta experiência e conseguimos transmitir o essencial para a idade em causa.
Por fim entregamos folhetos informativos para as crianças levarem para os pais e umas lembranças para os meninos/as.
Aqui ficam imagens do nosso trabalho.
terça-feira, 22 de outubro de 2013
22 de Outubro - Dia Internacional para a Consciencialização da Gaguez
Para assinalar o dia da gaguez a Rádio Renascença entrevistou a terapeuta Joana Rombert, que falou acerca desta perturbação, que afetará já cerca de 0,1% da população portuguesa.
Aqui fica a entrevista. Acedam ao link http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=31&did=126589 para ouvirem a Terapeuta a falar acerca da gaguez de desenvolvimento na criança.
"O desenvolvimento da fala numa criança passa por várias etapas, que devem ser respeitadas. “Cada criança tem o seu tempo” e esse tempo é alargado, afirma à Renascença a terapeuta Joana Rombert, no dia em que se assinala a Consciencialização para a Gaguez.
São várias as dificuldades que podem surgir no desenvolvimento da linguagem. Sobre a gaguez, existem muitos mitos e crenças. O importante é que, desde o início, os pais estejam atentos, considera a especialista.
Conheça quatro regras de ouro para que o seu filho desenvolva uma boa oralidade e uma escrita correcta.
1. O conteúdo é mais importante do que a forma. A criança vai sentir-se mais motivada para comunicar se for compreendida, mesmo que utilize gestos ou gagueje. Olhe para ela e mostre que compreende o que está a dizer.
2. Respeite a personalidade da criança. Que tipo de jogos gosta de fazer, se gosta de jogos em grupo ou sozinho, se é mais virado para fora ou para dentro. Respeite a forma como vai progredindo na sua linguagem. Se o seu filho é muito silencioso, não insista que seja muito falador.
3. Alimentação com todas as consistências. Quando falamos em alimentação também falamos em comunicação. Até a criança comer sozinha, temos sempre o pai ou a mãe que dão e é mais uma altura de, no seu dia-a-dia, a criança comunicar com outra pessoa. Além disso, evite passar sempre a sopa. É importante que a criança mastigue para desenvolver os músculos e as funcionalidades que a vão ajudar na linguagem.
4. Fale com a criança com uma linguagem de nível mais elevado, sobretudo a partir dos três anos, e explique-lhe as coisas. Isto dá-lhe bom vocabulário. Por exemplo, há vários tipos de pão: vianinha, carcaça... Quando a vai buscar à escola, fale com ela durante o trajecto sobre o que vai vendo. Quanto mais natural for a comunicação, melhor para o seu desenvolvimento e fundamental para a aprendizagem da leitura e da escrita.
1. O conteúdo é mais importante do que a forma. A criança vai sentir-se mais motivada para comunicar se for compreendida, mesmo que utilize gestos ou gagueje. Olhe para ela e mostre que compreende o que está a dizer.
2. Respeite a personalidade da criança. Que tipo de jogos gosta de fazer, se gosta de jogos em grupo ou sozinho, se é mais virado para fora ou para dentro. Respeite a forma como vai progredindo na sua linguagem. Se o seu filho é muito silencioso, não insista que seja muito falador.
3. Alimentação com todas as consistências. Quando falamos em alimentação também falamos em comunicação. Até a criança comer sozinha, temos sempre o pai ou a mãe que dão e é mais uma altura de, no seu dia-a-dia, a criança comunicar com outra pessoa. Além disso, evite passar sempre a sopa. É importante que a criança mastigue para desenvolver os músculos e as funcionalidades que a vão ajudar na linguagem.
4. Fale com a criança com uma linguagem de nível mais elevado, sobretudo a partir dos três anos, e explique-lhe as coisas. Isto dá-lhe bom vocabulário. Por exemplo, há vários tipos de pão: vianinha, carcaça... Quando a vai buscar à escola, fale com ela durante o trajecto sobre o que vai vendo. Quanto mais natural for a comunicação, melhor para o seu desenvolvimento e fundamental para a aprendizagem da leitura e da escrita.
Estratégias para ultrapassar a gaguez No seu livro “O Gato Comeu-te a Língua”, Joana Rombert aborda o tema da gaguez para desfazer mitos e dar conselhos. Um dos mais importantes é o tempo que os pais dedicam à comunicação com a criança. Quantas vezes não lhe acontece o seu filho estar a querer contar-lhe algo e não lhe dar qualquer atenção devido à preocupação com o jantar ou o banho?
Parar, olhar para a criança e ouvi-la é o primeiro passo para que ela se sinta à vontade para comunicar. Não a interrompa, mesmo que ela se atrapalhar no discurso e tenha hesitações. É normal "por volta das três ou quatro anos, quando a criança já tem muito vocabulário e procura a palavra e frase correcta”. Esta fase não deve persistir mais do que seis meses consecutivos.
A atitude dos pais perante as dificuldades faz diferença. “Pais dominadores, super protectores, com grandes expectativas, perfecionistas e com sentimentos de rejeição em relação àquele filho que gagueja” podem agravar a situação, alerta a terapeuta no livro.
Da mesma maneira, falar “à bebé” não ajuda. “Há uma altura que é de mímica e os pais falam um bocadinho ‘à bebé’, mas o ideal é que rapidamente usem as palavras correctas e digam ‘carro’ sem passar pelo ‘popó’”, refere.
Falar com muitos diminutivos, “a colherinha, a sopinha, o pratinho”, “faz com que a criança diga tudo em ‘inho’ e até é mais difícil. Às vezes, os pais pensam que até estão a brincar ou a ajudar as crianças, mas estão a complicar.”
O ambiente em que a criança cresce influencia a sua maneira de comunicar. Se, por exemplo, houver um ambiente comunicativo em casa, e se a criança compreender o que lhe dizem, o mais natural é que se torne também uma boa comunicadora.
A importância dos alimentos “Desde pequeninos começamos por mamar, temos a primeira função da boca que é a sucção. Depois, começamos a comer à colher – fechamos a boca e retiramos a comida da colher – e depois mastigamos. Só depois é que vem a fala, por volta dos dois anos”, descreve a terapeuta, para chamar a atenção para alguns sinais de alerta.
“A forma como o bebé mama, como come a papa e mastiga vai-nos dizer como se vai desenvolver a sua fala. Se essas funções correm bem, não tem porque não ter uma boa fala. Se, por exemplo, tivermos uma criança com dificuldade em fechar a boca para comer a papa, em juntar os lábios, terá dificuldade em fazer os sons que a isso obrigam”, exemplifica.
Também muito importante é a introdução dos sólidos na alimentação diária. As sopas cremosas são muito boas, mas “a criança precisa sentir que a sopa tem grão e que legumes está a comer”.
“Mastigar alimentos duros faz com que tenhamos mais força nas nossas bochechas, na nossa língua, nos nossos lábios e ter uma fala mais precisa”, explica a terapeuta.
Crianças bilingues têm sempre uma língua principal As crianças que são sujeitas à aprendizagem de duas ou mais línguas desde o início “não têm de ter um atraso na linguagem”.
“Há um grande mito à volta disso”, sublinha Joana Rombert na sua entrevista à Renascença.
“O que pode acontecer é que estas crianças tenham mais períodos de silêncio, em que reflectem mais sobre o que estão a ouvir. Estão a aprender a linguagem de forma mais silenciosa, para a compreenderem e separarem depois as línguas”, explica.
A terapeuta considera positivo “a criança, numa frase, misturar duas línguas – é sinal de que está a reflectir sobre isso e tem as duas línguas na sua cabeça”. Mas “há sempre uma língua que é predominante e é a materna”.
Joana Rombert sugere jogos, como: “disseste agora esta palavra em português, como é em inglês?” ou “hoje, vamos fazer um jogo só na língua da mãe”.
No livro “O Gato Comeu-te a Língua”, editado por A Esfera dos Livros, a terapeuta deixa várias dicas aos pais e evidencia sinais de alerta. No final da semana, no âmbito do Dia Internacional da Consciencialização para a Gaguez, a Associação Portuguesa de Gagos (APG) vai realizar as VII Jornadas sobre Gaguez, no Instituto Politécnico de Setúbal, nas quais um dos temas em debate é a terapia."
Fonte: http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=31&did=126589
Parar, olhar para a criança e ouvi-la é o primeiro passo para que ela se sinta à vontade para comunicar. Não a interrompa, mesmo que ela se atrapalhar no discurso e tenha hesitações. É normal "por volta das três ou quatro anos, quando a criança já tem muito vocabulário e procura a palavra e frase correcta”. Esta fase não deve persistir mais do que seis meses consecutivos.
A atitude dos pais perante as dificuldades faz diferença. “Pais dominadores, super protectores, com grandes expectativas, perfecionistas e com sentimentos de rejeição em relação àquele filho que gagueja” podem agravar a situação, alerta a terapeuta no livro.
Da mesma maneira, falar “à bebé” não ajuda. “Há uma altura que é de mímica e os pais falam um bocadinho ‘à bebé’, mas o ideal é que rapidamente usem as palavras correctas e digam ‘carro’ sem passar pelo ‘popó’”, refere.
Falar com muitos diminutivos, “a colherinha, a sopinha, o pratinho”, “faz com que a criança diga tudo em ‘inho’ e até é mais difícil. Às vezes, os pais pensam que até estão a brincar ou a ajudar as crianças, mas estão a complicar.”
O ambiente em que a criança cresce influencia a sua maneira de comunicar. Se, por exemplo, houver um ambiente comunicativo em casa, e se a criança compreender o que lhe dizem, o mais natural é que se torne também uma boa comunicadora.
A importância dos alimentos “Desde pequeninos começamos por mamar, temos a primeira função da boca que é a sucção. Depois, começamos a comer à colher – fechamos a boca e retiramos a comida da colher – e depois mastigamos. Só depois é que vem a fala, por volta dos dois anos”, descreve a terapeuta, para chamar a atenção para alguns sinais de alerta.
“A forma como o bebé mama, como come a papa e mastiga vai-nos dizer como se vai desenvolver a sua fala. Se essas funções correm bem, não tem porque não ter uma boa fala. Se, por exemplo, tivermos uma criança com dificuldade em fechar a boca para comer a papa, em juntar os lábios, terá dificuldade em fazer os sons que a isso obrigam”, exemplifica.
Também muito importante é a introdução dos sólidos na alimentação diária. As sopas cremosas são muito boas, mas “a criança precisa sentir que a sopa tem grão e que legumes está a comer”.
“Mastigar alimentos duros faz com que tenhamos mais força nas nossas bochechas, na nossa língua, nos nossos lábios e ter uma fala mais precisa”, explica a terapeuta.
Crianças bilingues têm sempre uma língua principal As crianças que são sujeitas à aprendizagem de duas ou mais línguas desde o início “não têm de ter um atraso na linguagem”.
“Há um grande mito à volta disso”, sublinha Joana Rombert na sua entrevista à Renascença.
“O que pode acontecer é que estas crianças tenham mais períodos de silêncio, em que reflectem mais sobre o que estão a ouvir. Estão a aprender a linguagem de forma mais silenciosa, para a compreenderem e separarem depois as línguas”, explica.
A terapeuta considera positivo “a criança, numa frase, misturar duas línguas – é sinal de que está a reflectir sobre isso e tem as duas línguas na sua cabeça”. Mas “há sempre uma língua que é predominante e é a materna”.
Joana Rombert sugere jogos, como: “disseste agora esta palavra em português, como é em inglês?” ou “hoje, vamos fazer um jogo só na língua da mãe”.
No livro “O Gato Comeu-te a Língua”, editado por A Esfera dos Livros, a terapeuta deixa várias dicas aos pais e evidencia sinais de alerta. No final da semana, no âmbito do Dia Internacional da Consciencialização para a Gaguez, a Associação Portuguesa de Gagos (APG) vai realizar as VII Jornadas sobre Gaguez, no Instituto Politécnico de Setúbal, nas quais um dos temas em debate é a terapia."
Fonte: http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=31&did=126589
segunda-feira, 21 de outubro de 2013
Preparativos para o Dia Internacional da Consciencialização para a Gaguez
Amanha voltamos com mais novidades no nosso blog, pois vamos ao Jardim Escola de Faro falar com uma turma do 1º ano sobre "O que é a gaguez". Para isso vamos contar a história do Ernesto - O menino com gaguez em familia =). Esperemos que os meninos e meninas gostem da história e aprendam o que é a gaguez.
O que é a APG?
APG ou Associação Portuguesa de Gagos foi fundada em Agosto de 2005. É uma associação de âmbito nacional com sede na freguesia de Alqueidão no concelho da Figueira da Foz. E desde 2011 que é membro da European League of Stuttering Associations (http://www.stuttering.ws/).
Os seus principais objectivos da APG são:
- A representação e defesa dos direitos das pessoas com gaguez, bem como o apoio e divulgação de medidas preventivas e terapêuticas;
- A criação de um espaço de partilha de vivências para pessoas que sentem e vivem a gaguez no dia-a-dia;
- Sensibilização da sociedade civil em geral e dos poderes públicos em particular para a necessidade de medidas de apoio às pessoas com gaguez;
- Contribuição para tornar a gaguez mais reconhecida socialmente, mais investigada clinicamente e mais ajudada institucionalmente.
A APG tem por finalidade a "representação e defesa dos direitos e interesses das pessoas que gaguejam, bem como o apoio e divulgação de medidas preventivas e terapêuticas, prosseguindo prioritariamente objectivos de natureza social, cultural e reivindicativa conducentes à promoção e integração na sociedade."
A pessoa que gagueja tem direito a:
Gaguejar ou ser fluente na medida em que possa optar por isso;
Comunicar independentemente do seu grau de gaguez;
Ser tratada com dignidade e respeito por indivíduos, grupos ,empresas, agências governamentais, organizações, artes e meios de comunicação social;
Ter informação publicamente disponível e de boa qualidade acerca da gaguez;
Protecção legal igual independentemente do seu grau de gaguez;
Ser informado totalmente acerca de programas de terapia, incluindo as possibilidades de falha e sucesso bem como de reaparecimento da dificuldade;
Receber terapia apropriada em função das suas necessidades características e preocupações únicas, por profissionais treinados para intervir na área da gaguez e problemas com ela relacionados;
Escolher e participar ou não na terapia e mudar de terapeuta ou programa de intervenção sem qualquer prejuízo ou penalização.
A pessoa que gagueja é responsável por:
Compreender que quem a ouve ou com quem fala pode não ter informação acerca de gaguez e suas consequências ou pode ter uma visão diferente da sua relativa à gaguez;
Informar os ouvintes ou parceiros de conversa de que pode precisar de mais tempo para comunicar;
Participar na terapia se for essa a sua opção e se assim for deverá fazê-lo de forma aberta, activa e colaborativa;
Fazer alguma coisa para controlar as desvantagens que ocorrem devido à gaguez incluindo o desenvolvimento da valorização realista das suas capacidades e dificuldades e talvez desenvolver um humor saudável acerca de si próprio;
Encarar outros com problemas incapacidades ou desvantagens com igualdade, dignidade e respeito atendendo à natureza das suas condições;
Estar consciente de que tem a obrigação de promover o aumento de consciência dos outros relativamente à gaguez e suas consequências.
Fonte:http://www.gaguez-apg.com/index.php?option=com_frontpage&Itemid=1
Como detetar, na sala de aula, um aluno com gaguez?
Durante o 1ºciclo, como a criança tem sempre o mesmo professor é mais fácil o professor tentar perceber se alguma criança tem mais dificuldade na fluência do que as outras.
Para isso Há que ter em conta alguns fatores, como:
- Se o aluno não for participativo, e quando o professor lhe solicita para ele responder, ele diz que não sabe a resposta, mas depois tira boas notas nos testes;
- Passa as aulas calado sem fazer comentários, nem com os colegas do lado;
- Toca para o recreio, e ele sai da sala sozinho;
- Não se dirige aos professores e nunca tira dúvidas num exercício difícil, mesmo que não o consiga resolver.
Através destes fatores é possível o professor desconfiar de que algo não está bem com aquele aluno. Posto isto o professor deve encaminhar o aluno para o terapeuta da fala, para este avaliar e criar (em conjunto com o aluno) estratégias para que este não sinta tantas dificuldades em se expressar e não se sinta frustrado com isso.
A gaguez em contexto escolar
Com o inicio de uma nova etapa, como a entrada para o 1º ciclo a criança vê as suas rotinas alteradas, e é obrigada a crescer mais depressa, a ser mais responsável e a dar mais atenção ao que lhe é explicado.
Há inúmeras alterações na vida da criança, como a mudança de professor, de colegas, entre outras que não são fáceis para todas as crianças de maneira igual. Pois à crianças que tem mais resistência à mudança do que outras.
Durante o 1º ciclo, entre os 5/6 e os 10 ou 11 anos, a criança desenvolve uma maior consciência de si e do outro. Alarga a sua visão do mundo e começa a desenvolver o ser pensamento e raciocínio. Começa agora a realizar operações mentais mais complexas e a expressar qualidades e sentimentos através das palavras.
Inicia também uma consciência em si, a comparação com os seus pares, procurando diferenças e semelhanças.
A partir do 1º ciclo e durante toda a vida escolar, a criança depara-se com uma série de entraves comunicativos e relacionais dos quais é difícil para quem fala fluentemente ter, a priori, consciência. A gaguez não está diretamente relacionada com a inteligência, contudo, temos de ter em conta que as crianças com gaguez poderão não ser capazes de transmitir o que sabem ou revelar as suas opiniões, devido à dificuldade de falar fluentemente.
Várias experiências rotineiras de contexto escolar são experienciadas de forma desagradável e causam danos emocionais e psíquicos.
Como por exemplo:
- Fazer uma apresentação à turma;
- Apresentar-se à turma no primeiro dia de aulas;~
- Fazer amizades no intervalo;
- Falar em grupo e acompanhar a velocidade de fala dos colegas (aliado às interrupções constantes que existem quando não há regras comunicativas bem definidas)
- Falar com os professores;
- Fazer pedidos no bar da escola, com a fila normal de gente para atender;
- Iniciar relacionamentos amorosos;
- Escolher uma profissão em que a fala não seja requisito principal;
Fonte: Livro "Gaguez da infância à adolescência" de Mónica Gaiolas.
Há inúmeras alterações na vida da criança, como a mudança de professor, de colegas, entre outras que não são fáceis para todas as crianças de maneira igual. Pois à crianças que tem mais resistência à mudança do que outras.
Durante o 1º ciclo, entre os 5/6 e os 10 ou 11 anos, a criança desenvolve uma maior consciência de si e do outro. Alarga a sua visão do mundo e começa a desenvolver o ser pensamento e raciocínio. Começa agora a realizar operações mentais mais complexas e a expressar qualidades e sentimentos através das palavras.
Inicia também uma consciência em si, a comparação com os seus pares, procurando diferenças e semelhanças.
A partir do 1º ciclo e durante toda a vida escolar, a criança depara-se com uma série de entraves comunicativos e relacionais dos quais é difícil para quem fala fluentemente ter, a priori, consciência. A gaguez não está diretamente relacionada com a inteligência, contudo, temos de ter em conta que as crianças com gaguez poderão não ser capazes de transmitir o que sabem ou revelar as suas opiniões, devido à dificuldade de falar fluentemente.
Várias experiências rotineiras de contexto escolar são experienciadas de forma desagradável e causam danos emocionais e psíquicos.
Como por exemplo:
- Fazer uma apresentação à turma;
- Apresentar-se à turma no primeiro dia de aulas;~
- Fazer amizades no intervalo;
- Falar em grupo e acompanhar a velocidade de fala dos colegas (aliado às interrupções constantes que existem quando não há regras comunicativas bem definidas)
- Falar com os professores;
- Fazer pedidos no bar da escola, com a fila normal de gente para atender;
- Iniciar relacionamentos amorosos;
- Escolher uma profissão em que a fala não seja requisito principal;
Fonte: Livro "Gaguez da infância à adolescência" de Mónica Gaiolas.
terça-feira, 8 de outubro de 2013
Como detetar a gaguez?

- Fluência de fala refere-se ao fluxo contínuo e suave da produção da fala
- Disfluência é qualquer rompimento no fluxo de fala, comum a todos os falantes, que ocorre quando a integração entre os sistemas cerebrais não é sincronizada.
- Gaguez é a disfluência que não permite a pronta recuperação do equilíbrio dos sistemas cerebrais, devido a várias causas, dentre elas, a influência de fatores genéticos, biológicos e socio ambientais
A quebra da fluência é algo habitual na fala
das crianças em idade de estruturação da linguagem, o que contribui para
confirmar o termo “disfluência comum”, e que difere em vários aspectos quando
comparadas com as consideradas com gaguez.
Durante a fase de aquisição e desenvolvimento
da linguagem ocorre variação no grau da fluência, provenientes das incertezas
morfo-sintático-semânticas e do amadurecimento neuromotor para os atos da fala.
A gaguez que ocorre durante a fase de aquisição e
desenvolvimento da linguagem, chamada de gaguez do
desenvolvimento, pode ocorrer até os 12 anos de idade. Esta caracteriza-se como
uma desordem crónica, mesmo que possa apresentar períodos de fluência de fala, impedindo a produção da fala contínua, suave e sem
esforço, em alguns momentos.
Tipos de disfluências normais:
- Repetições (Posso...posso brincar? Eu... Eu... quero o carro)
- Reformulações do discurso (Posso ir... o Pedro vai ao parque... podemos ir?)
- Silêncios curtos entre as palavras (Aquele cão é...estranho)
- Prolongamentos curtos de sons ( ooo primeiro sou eu!)
- Interjeições (Espera, aaa, vou contigo)
Os mitos sobre a gaguez
MITOS
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EXPLICAÇÃO
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Com força de vontade, a pessoa consegue falar sem
gaguejar.
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A
pessoa que gagueja não consegue controlar a sua fala. A força de vontade pode
ser uma grande aliada na superação da patologia facilitando a adesão aos
tratamentos específicos.
|
Um susto pode curar a gaguez
|
O
susto não tem capacidade de alterar a genética ou de mudar a estrutura e
funcionamento do cérebro das pessoas que gaguejam.
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Obrigar a criança a ler em voz alta faz com que esta
perca a timidez e o medo de falar
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Obrigar
a criança a ler em voz alta na sala de aula só vai contribuir para piorar o
problema. O medo e a timidez podem ser consequências da gaguez, porque a
criança sabe que vai gaguejar ao ler ou falar.
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Dizer à criança para respirar fundo e falar devagar
|
Dizer
isto vai fazer com que a criança fique mais preocupada com o distúrbio e
consequentemente piorar a gaguez.
O
interlocutor não deve terminar as frases e esperar que a pessoa com gaguez
termine a sua frase e respeitar o tempo e a forma de falar do outro.
|
Se a criança começou a gaguejar, é só esperar que
passe e não alarmar para que esta não se aperceba nem tome consciência do problema
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É
fundamental realizar uma avaliação na terapia da fala de modo, a saber, qual
o nível de evolução. Uma intervenção precoce adequada é a melhor forma de
diminuir o impacto negativo que a gaguez poderá trazer à criança e à família.
|
O nervosismo, a ansiedade, a insegurança, timidez e
a baixa autoestima causam gaguez
|
Os
fatores psicológicos não são a causa da gaguez. Algumas crianças podem
apresentar as características acima referidas, no entanto estas são
consequências de vivências comunicativas que levam à frustração relacionada
com a gaguez, mas não causas da gaguez.
|
Os pais de crianças gagas são os principais
responsáveis pelo distúrbio do filho
|
Os
pais não são responsáveis pela gaguez do filho. No entanto, determinadas
atitudes podem piorar o distúrbio: dizer à criança para não gaguejar, por
exemplo. E extremamente importante que pais adotem estratégias e atitudes que
promovam a fluência.
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A criança começa a gaguejar após o nascimento do
irmão
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A relação entre o inicio da gaguez e o nascimento
do irmão mais novo, não passa de mero acaso. O intervalo de 2/3 anos entre o
nascimento de dois irmãos é a chave da explicação. A gaguez tem início nesse
período pela razão de uma fase natural do desenvolvimento das estruturas
cerebrais responsáveis pela automatização da fala.
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A criança gagueja para chamar a atenção dos pais
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A
gaguez não é um ato voluntário, logo a criança não o faz porque quer ou para
chamar a atenção.
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As pessoas com gaguez são menos inteligentes e mal
educadas
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Não há
causa de relação entre inteligência e gaguez. Algumas crianças optam por
expressar menos opiniões oralmente, isso pode induzir ao interlocutor que a
pessoa é menos inteligente.
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As pessoas que gaguejam nunca o fazem enquanto
cantam ou quando representam uma personagem no teatro
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A
explicação da ausência de gaguez no canto ou na representação de uma
personagem está em como o cérebro processa essas formas de expressão verbal
(sistema pré-motor lateral). Quando a gaguez ocorre nas situações referidas,
significa que o processamento não foi transferido para o sistema pre motor ou
porque existe algum comprometimento nessa zona.
|
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