Para assinalar o dia da gaguez a Rádio Renascença entrevistou a terapeuta Joana Rombert, que falou acerca desta perturbação, que afetará já cerca de 0,1% da população portuguesa.
Aqui fica a entrevista. Acedam ao link http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=31&did=126589 para ouvirem a Terapeuta a falar acerca da gaguez de desenvolvimento na criança.
"O desenvolvimento da fala numa criança passa por várias etapas, que devem ser respeitadas. “Cada criança tem o seu tempo” e esse tempo é alargado, afirma à Renascença a terapeuta Joana Rombert, no dia em que se assinala a Consciencialização para a Gaguez.
São várias as dificuldades que podem surgir no desenvolvimento da linguagem. Sobre a gaguez, existem muitos mitos e crenças. O importante é que, desde o início, os pais estejam atentos, considera a especialista.
Conheça quatro regras de ouro para que o seu filho desenvolva uma boa oralidade e uma escrita correcta.
1. O conteúdo é mais importante do que a forma. A criança vai sentir-se mais motivada para comunicar se for compreendida, mesmo que utilize gestos ou gagueje. Olhe para ela e mostre que compreende o que está a dizer.
2. Respeite a personalidade da criança. Que tipo de jogos gosta de fazer, se gosta de jogos em grupo ou sozinho, se é mais virado para fora ou para dentro. Respeite a forma como vai progredindo na sua linguagem. Se o seu filho é muito silencioso, não insista que seja muito falador.
3. Alimentação com todas as consistências. Quando falamos em alimentação também falamos em comunicação. Até a criança comer sozinha, temos sempre o pai ou a mãe que dão e é mais uma altura de, no seu dia-a-dia, a criança comunicar com outra pessoa. Além disso, evite passar sempre a sopa. É importante que a criança mastigue para desenvolver os músculos e as funcionalidades que a vão ajudar na linguagem.
4. Fale com a criança com uma linguagem de nível mais elevado, sobretudo a partir dos três anos, e explique-lhe as coisas. Isto dá-lhe bom vocabulário. Por exemplo, há vários tipos de pão: vianinha, carcaça... Quando a vai buscar à escola, fale com ela durante o trajecto sobre o que vai vendo. Quanto mais natural for a comunicação, melhor para o seu desenvolvimento e fundamental para a aprendizagem da leitura e da escrita.
1. O conteúdo é mais importante do que a forma. A criança vai sentir-se mais motivada para comunicar se for compreendida, mesmo que utilize gestos ou gagueje. Olhe para ela e mostre que compreende o que está a dizer.
2. Respeite a personalidade da criança. Que tipo de jogos gosta de fazer, se gosta de jogos em grupo ou sozinho, se é mais virado para fora ou para dentro. Respeite a forma como vai progredindo na sua linguagem. Se o seu filho é muito silencioso, não insista que seja muito falador.
3. Alimentação com todas as consistências. Quando falamos em alimentação também falamos em comunicação. Até a criança comer sozinha, temos sempre o pai ou a mãe que dão e é mais uma altura de, no seu dia-a-dia, a criança comunicar com outra pessoa. Além disso, evite passar sempre a sopa. É importante que a criança mastigue para desenvolver os músculos e as funcionalidades que a vão ajudar na linguagem.
4. Fale com a criança com uma linguagem de nível mais elevado, sobretudo a partir dos três anos, e explique-lhe as coisas. Isto dá-lhe bom vocabulário. Por exemplo, há vários tipos de pão: vianinha, carcaça... Quando a vai buscar à escola, fale com ela durante o trajecto sobre o que vai vendo. Quanto mais natural for a comunicação, melhor para o seu desenvolvimento e fundamental para a aprendizagem da leitura e da escrita.
Estratégias para ultrapassar a gaguez No seu livro “O Gato Comeu-te a Língua”, Joana Rombert aborda o tema da gaguez para desfazer mitos e dar conselhos. Um dos mais importantes é o tempo que os pais dedicam à comunicação com a criança. Quantas vezes não lhe acontece o seu filho estar a querer contar-lhe algo e não lhe dar qualquer atenção devido à preocupação com o jantar ou o banho?
Parar, olhar para a criança e ouvi-la é o primeiro passo para que ela se sinta à vontade para comunicar. Não a interrompa, mesmo que ela se atrapalhar no discurso e tenha hesitações. É normal "por volta das três ou quatro anos, quando a criança já tem muito vocabulário e procura a palavra e frase correcta”. Esta fase não deve persistir mais do que seis meses consecutivos.
A atitude dos pais perante as dificuldades faz diferença. “Pais dominadores, super protectores, com grandes expectativas, perfecionistas e com sentimentos de rejeição em relação àquele filho que gagueja” podem agravar a situação, alerta a terapeuta no livro.
Da mesma maneira, falar “à bebé” não ajuda. “Há uma altura que é de mímica e os pais falam um bocadinho ‘à bebé’, mas o ideal é que rapidamente usem as palavras correctas e digam ‘carro’ sem passar pelo ‘popó’”, refere.
Falar com muitos diminutivos, “a colherinha, a sopinha, o pratinho”, “faz com que a criança diga tudo em ‘inho’ e até é mais difícil. Às vezes, os pais pensam que até estão a brincar ou a ajudar as crianças, mas estão a complicar.”
O ambiente em que a criança cresce influencia a sua maneira de comunicar. Se, por exemplo, houver um ambiente comunicativo em casa, e se a criança compreender o que lhe dizem, o mais natural é que se torne também uma boa comunicadora.
A importância dos alimentos “Desde pequeninos começamos por mamar, temos a primeira função da boca que é a sucção. Depois, começamos a comer à colher – fechamos a boca e retiramos a comida da colher – e depois mastigamos. Só depois é que vem a fala, por volta dos dois anos”, descreve a terapeuta, para chamar a atenção para alguns sinais de alerta.
“A forma como o bebé mama, como come a papa e mastiga vai-nos dizer como se vai desenvolver a sua fala. Se essas funções correm bem, não tem porque não ter uma boa fala. Se, por exemplo, tivermos uma criança com dificuldade em fechar a boca para comer a papa, em juntar os lábios, terá dificuldade em fazer os sons que a isso obrigam”, exemplifica.
Também muito importante é a introdução dos sólidos na alimentação diária. As sopas cremosas são muito boas, mas “a criança precisa sentir que a sopa tem grão e que legumes está a comer”.
“Mastigar alimentos duros faz com que tenhamos mais força nas nossas bochechas, na nossa língua, nos nossos lábios e ter uma fala mais precisa”, explica a terapeuta.
Crianças bilingues têm sempre uma língua principal As crianças que são sujeitas à aprendizagem de duas ou mais línguas desde o início “não têm de ter um atraso na linguagem”.
“Há um grande mito à volta disso”, sublinha Joana Rombert na sua entrevista à Renascença.
“O que pode acontecer é que estas crianças tenham mais períodos de silêncio, em que reflectem mais sobre o que estão a ouvir. Estão a aprender a linguagem de forma mais silenciosa, para a compreenderem e separarem depois as línguas”, explica.
A terapeuta considera positivo “a criança, numa frase, misturar duas línguas – é sinal de que está a reflectir sobre isso e tem as duas línguas na sua cabeça”. Mas “há sempre uma língua que é predominante e é a materna”.
Joana Rombert sugere jogos, como: “disseste agora esta palavra em português, como é em inglês?” ou “hoje, vamos fazer um jogo só na língua da mãe”.
No livro “O Gato Comeu-te a Língua”, editado por A Esfera dos Livros, a terapeuta deixa várias dicas aos pais e evidencia sinais de alerta. No final da semana, no âmbito do Dia Internacional da Consciencialização para a Gaguez, a Associação Portuguesa de Gagos (APG) vai realizar as VII Jornadas sobre Gaguez, no Instituto Politécnico de Setúbal, nas quais um dos temas em debate é a terapia."
Fonte: http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=31&did=126589
Parar, olhar para a criança e ouvi-la é o primeiro passo para que ela se sinta à vontade para comunicar. Não a interrompa, mesmo que ela se atrapalhar no discurso e tenha hesitações. É normal "por volta das três ou quatro anos, quando a criança já tem muito vocabulário e procura a palavra e frase correcta”. Esta fase não deve persistir mais do que seis meses consecutivos.
A atitude dos pais perante as dificuldades faz diferença. “Pais dominadores, super protectores, com grandes expectativas, perfecionistas e com sentimentos de rejeição em relação àquele filho que gagueja” podem agravar a situação, alerta a terapeuta no livro.
Da mesma maneira, falar “à bebé” não ajuda. “Há uma altura que é de mímica e os pais falam um bocadinho ‘à bebé’, mas o ideal é que rapidamente usem as palavras correctas e digam ‘carro’ sem passar pelo ‘popó’”, refere.
Falar com muitos diminutivos, “a colherinha, a sopinha, o pratinho”, “faz com que a criança diga tudo em ‘inho’ e até é mais difícil. Às vezes, os pais pensam que até estão a brincar ou a ajudar as crianças, mas estão a complicar.”
O ambiente em que a criança cresce influencia a sua maneira de comunicar. Se, por exemplo, houver um ambiente comunicativo em casa, e se a criança compreender o que lhe dizem, o mais natural é que se torne também uma boa comunicadora.
A importância dos alimentos “Desde pequeninos começamos por mamar, temos a primeira função da boca que é a sucção. Depois, começamos a comer à colher – fechamos a boca e retiramos a comida da colher – e depois mastigamos. Só depois é que vem a fala, por volta dos dois anos”, descreve a terapeuta, para chamar a atenção para alguns sinais de alerta.
“A forma como o bebé mama, como come a papa e mastiga vai-nos dizer como se vai desenvolver a sua fala. Se essas funções correm bem, não tem porque não ter uma boa fala. Se, por exemplo, tivermos uma criança com dificuldade em fechar a boca para comer a papa, em juntar os lábios, terá dificuldade em fazer os sons que a isso obrigam”, exemplifica.
Também muito importante é a introdução dos sólidos na alimentação diária. As sopas cremosas são muito boas, mas “a criança precisa sentir que a sopa tem grão e que legumes está a comer”.
“Mastigar alimentos duros faz com que tenhamos mais força nas nossas bochechas, na nossa língua, nos nossos lábios e ter uma fala mais precisa”, explica a terapeuta.
Crianças bilingues têm sempre uma língua principal As crianças que são sujeitas à aprendizagem de duas ou mais línguas desde o início “não têm de ter um atraso na linguagem”.
“Há um grande mito à volta disso”, sublinha Joana Rombert na sua entrevista à Renascença.
“O que pode acontecer é que estas crianças tenham mais períodos de silêncio, em que reflectem mais sobre o que estão a ouvir. Estão a aprender a linguagem de forma mais silenciosa, para a compreenderem e separarem depois as línguas”, explica.
A terapeuta considera positivo “a criança, numa frase, misturar duas línguas – é sinal de que está a reflectir sobre isso e tem as duas línguas na sua cabeça”. Mas “há sempre uma língua que é predominante e é a materna”.
Joana Rombert sugere jogos, como: “disseste agora esta palavra em português, como é em inglês?” ou “hoje, vamos fazer um jogo só na língua da mãe”.
No livro “O Gato Comeu-te a Língua”, editado por A Esfera dos Livros, a terapeuta deixa várias dicas aos pais e evidencia sinais de alerta. No final da semana, no âmbito do Dia Internacional da Consciencialização para a Gaguez, a Associação Portuguesa de Gagos (APG) vai realizar as VII Jornadas sobre Gaguez, no Instituto Politécnico de Setúbal, nas quais um dos temas em debate é a terapia."
Fonte: http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=31&did=126589
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